FONOAUDIOLOGIA

As crianças aprendem a falar durante os dois primeiros anos de vida. Elas começam usando a língua, os lábios, o céu da boca e qualquer dente que esteja aparecendo para produzir sons. Logo, esses sons vão formando palavras de verdade e, entre os 4 e 5 meses, um "mamã" ou "papá" pode escapar sem querer, deixando os pais super emocionados. Intencional ou não, este é um dos momentos mais importantes para os papais.
Toda criança precisa ir ao fonoaudiólogo? Em quais casos a consulta é indicada?
Nem todas as crianças precisam procurar um fonoaudiólogo. Mas existem casos que merecem a avaliação do profissional, como no atraso do desenvolvimento da fala e/ou linguagem. Crianças que não começaram a falar na idade esperada (2 anos) ou que começaram a falar, mas não ampliaram o vocabulário, ficando restritas a algumas palavras e expressões ou, ainda, que iniciaram alguma espécie de emissão oral, mas que depois interromperam.
Quais são os problemas de fala mais comuns e em que idade costumam aparecer?
O que mais comumente aparece nas queixas dos pais são a ausência de comunicação oral, que é quando a criança consegue se comunicar por outros canais que não pela fala e as distorções, e ausência ou substituições dos sons na fala da criança, como o exemplo clássico do Cebolinha, que troca o R pelo L.

Até que idade a criança deve falar todos os sons corretamente?
Em uma criança cujo desenvolvimento global está ocorrendo dentro do período esperado, como o aspecto motor de sentar, engatinhar, caminhar e alimentar-se, além do aspecto afetivo e social, é esperado que até os 4 anos ela já esteja se expressando com total inteligibilidade.
Que fatores podem prejudicar o desenvolvimento da fala da criança?
Dentre os fatores que podem prejudicar o desenvolvimento da fala e da linguagem da criança, excluindo aqueles que envolvem comprometimentos como prematuridade, deficiência auditiva, síndromes, malformações e desordens neurológicas, encontramos:
• exposição insuficiente da criança a situações que exijam a sua manifestação, como quando o meio no qual a criança vive antecipa ou interpreta todos os seus desejos e pensamentos;
• infantilização dos comportamentos, como prolongar o uso da fralda, mamadeira, chupeta, quando estes não são mais necessários;
• A extensão do estágio da dependência absoluta da criança em detrimento de sua autonomia e independência crescentes;
• formas inadequadas de oferecer o alimento e os utensílios, o que também pode ser encarado como um aspecto de infantilização, tal como limitar a oferta das consistências e diversidade de alimentos ou até mesmo da autonomia no ato de se alimentar.
Falar errado, em alguns casos, pode ser só uma maneira de chamar atenção? O fonoaudiólogo pode identificar se é somente uma questão comportamental?
A criança que possui todos os recursos para se desenvolver, mas que percebe que o seu meio valoriza ou lhe recompensa pelo fato de se manter no lugar do "bebê", pode fazer deste o seu lugar, apropriando-se de comportamentos que podem estar abaixo de sua idade cronológica.
A chupeta e mamadeira podem atrapalhar o desenvolvimento da fala?
Não só a chupeta, mas outros hábitos orais como a mamadeira e o dedo podem se tornar empecilhos para o desenvolvimento osteomuscular da face e comprometer a inteligibilidade da fala se não forem eliminados a tempo. Espera-se que a permanência destes hábitos não ultrapasse os três anos de idade. Entretanto, existem fatores como hereditariedade e quadros alérgicos como, por exemplo, a rinite, que também podem comprometer a harmonia do desenvolvimento craniofacial e prejudicar a emissão oral.

É possível "curar" a gagueira, caso seja descoberta nos primeiros anos de idade da criança?
Durante a fase do desenvolvimento da fala, existe a possibilidade de algumas crianças apresentarem alterações no seu ritmo e surgirem momentos de hesitação e de repetição de alguns de seus segmentos. Esse fenômeno não configura necessariamente um quadro de gagueira e precisa, às vezes, ser acompanhado de perto, sem a necessidade de despertar a criança para o fato.
Ele costuma ser notado entre 3 e 4 anos de idade, podendo ser facilmente revertido com a evolução das habilidades motoras inerentes ao ato da fala. No caso da persistência e permanência da dificuldade, vale a pena buscar a avaliação de um fonoaudiólogo especialista para compreender melhor as origens desta manifestação.
E o caso da língua presa? O fonoaudiólogo pode ajudar no tratamento ou somente uma cirurgia corrige este problema?
O uso da expressão "língua presa" precisa ser bem compreendido. Muitas vezes, o que se quer dizer com língua presa é o oposto, uma vez que pode estar se referindo ao escape anterior da língua durante a emissão de alguns sons, o que pode distorcê-los, mais comumente encontrados nos sons do "s" e do "z". O nome mais adequado seria sigmatismo ou ceceio frontal.
Existem casos, porém, em que ocorre o encurtamento do frênulo lingual, que pode impedir ou dificultar a execução de algumas funções orais como sugar ou articular sons. Nestes casos, o tratamento vai depender do grau de comprometimento, variando de indicação de terapia fonoaudiológica exclusiva ou com necessidade de abordagem cirúrgica, o que pode não excluir a necessidade da terapia.



FONTE: http://www.babycidade.com.br/como-saber-se-meu-filho-precisa-de-fono/